Alguma vez você já tomou uma decisão da qual mais tarde se arrependeu? Uma mulher que a pouco tempo começou a frequentar a nossa igreja me disse: “Se eu soubesse o que eu sei agora, minha família não passaria por tantos problemas.” Ela estava me dizendo que a pregação da Bíblia lhe deu um novo ponto-de-vista da vida. Ela já sofria muito por causa de problemas em casa, mas sem o conhecimento das Escrituras, todo mundo fazia o que parecia reto aos seus olhos.
Crescendo na Palavra, muitas vezes olhamos para trás e passamos vergonha. Notamos quantas decisões errados tínhamos tomados antes de conhecer Jesus. As vezes, as decisões do passado nos deixam muito tristes. Que perda! Que ignorância nossa!
A visão retrospectiva é sempre perfeita! Ou, em outras palavras, quando nós olhamos para trás, enxergamos tudo—o bem e o mal.
A vida cristã, porém, não é só de olhar para trás, mas é olhar para a frente. É ter discernimento nas próximas decisões.
Pessoas dizem: “Ah, neste mundo, tem que ser espertinho.” Bom, mas a sabedoria do mundo não traz a paz que Deus promete (Jo 14:27), e muitas vezes só serve para o momento, e, depois, a pessoa sofre com as consequências. Ser “espertinho” é o que as Escrituras chamam “a sabedoria…terrena, [que é] animal e diabólica” (Tg 3:15). Esta sabedoria mundana vem com “amarga inveja, e sentimento faccioso em [nosso] coração” (Tg 3:14). Lida com situações por meio de vingança, raiva, decisões precipitadas, imoralidade, egoismo e soberba. Tudo isso vem da carne, não da sabedoria de Deus. Não mostra “a mansidão da sabedoria” (Tg 3:13).
“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3:13).
A sabedoria para distinguir tanto o bem como o mal, o certo e o errado e a verdade e a mentira é chamada discernimento. É uma faculdade desenvolvida por exercitar os sentidos espirituais. É o produto da maturidade do crente que já cresceu na fé, buscando a obedecer o Senhor.
Eu me lembro de uma criancinha que bebeu um corrosivo sem saber. Destruiu o cérebro dela. Só por falta de discernimento, este menino pequeno perdeu toda a habilidade de falar e comer. Simplesmente não tinha discernimento. Não sabia, e sofreu muito as consequências.
Quando éramos crianças alguém precisava nos ensinar a amarrar os nossos sapatos. Precisávamos de alguém para nos mostrar que uma piscina é perigosa. Não sabíamos que a tomada pode dar um choque. Não tínhamos conhecimento destas coisas, e precisávamos aprender. Assim veio o discernimento.
O triste é que sem as Escrituras, muitas pessoas sabem não brincar com fogo, mas não sabem evitar enganos espirituais. Não morrem por causa de veneno ou choque elétrico, mas têm famílias e vidas destruídas por falta de juízo nos seus relacionamentos e decisões.
O problema nestas questões é o coração. A pessoa não tem o discernimento para desacreditar o seu próprio coração pecaminoso. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá” (Jr 17:9)? E, por falta deste discernimento, acaba fazendo a primeira coisa que surge no seu coração.
Eu fico surpreendido as vezes por causa das decisões que pessoas tomam. Eu me digo: “Elas não enxeram as consequências destas decisões?”
“Como pode um homem achar que, se casar com uma mulher que fica flertando com todo mundo, ela simplesmente deixará de flertar depois da cerimônia?”
“Como pode alguém acreditar que usar drogas não terá consequências indesejáveis?”
“Como pode um marido ter uma família cheia de amor e respeito se não parar de xingar todo mundo em casa?”
“Como pode alguém que, sempre toma atalhos no seu trabalho, não saber que um dia será despedido por seu patrão?”
“Como pode um homem casado passar muito tempo com outra mulher sem pensar que isso pode acabar com seu casamento, quebrar a sua família e machucar os seus filhos?”
“E o jovem que anda com pecadores. Não vê que acabará entrando nos mesmos erros com eles?”
Mas, eu sempre preciso me lembrar de que ninguém nasce com o discernimento que só vem por exercitar os sentidos. E, além disso, há pessoas que já ouviram a Palavra, e já têm tudo para serem sagazes, mas preferem ignorar a Bíblia e continuar no erro.
Isto nos leva a reconhecer uma verdade importantíssima. Há dois tipos de pessoas. Há pessoas que querem discernimento; e outras que não.
Deus dá discernimento somente aos que o querem.
“Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tg 1:5-8).
Se alguém não está 100% comprometido à vontade de Deus, disposto a obedecer, então lhe não virá a sabedoria e o discernimento de Deus.
Há algumas ferramentas que Deus dá aos crentes para melhorarem o seu discernimento.
O Espírito Santo
O não salvo não tem o Espírito de Deus, e naturalmente não enxerga as coisas de Deus. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Co 2:14). Isto quer dizer, portanto, que, especialmente na questão de falsa doutrina e falsos profetas, o não salvo pode acabar crendo em algo completamente errado, sem perceber. E, na verdade, isto acontece diariamente. Por causa disso, há tantos problemas nos lares dos não salvos.
Vocês que já são guiados pelo Espírito Santo sabem como o mundo não enxerga bem a razão das suas decisões. Você não anda com eles. Não quer ir para as suas festas. Não pretende fumar, beber, usar drogas, ter tatuagem, ir ao bar nem à festa. Você evita as coisas que servem como um bloqueio no seu relacionamento com Deus ou que não ajudam o seu testemunho diante do mundo. O mundo não compreende isso. Não é de Deus. Não tem o Espírito dEle. Você tem. Você é diferente. Você enxerga e ama o que o mundo odeia, e você evita o que o mundo almeja.
Jesus disse: “Quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir” (Jo 16:13).
A Bíblia
“A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração“ (Hb 4:12).
O homem é feito de três partes: espírito, alma e corpo (I Ts 5:23). É difícil distinguir entre o espírito e alma do homem. Há pessoas que até mesmo acham que os dois são a mesma coisa. A Palavra de Deus, porém, é capaz de penetrar “até à divisão da alma e do espírito“. Ela, com certeza, é capaz de nos dar discernimento. Na verdade, Ela “é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Precisamos da Bíblia para nos dar tal discernimento.
Através do Espírito Santo e da Bíblia, o crente pode exercitar os seus sentidos espirituais “para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5:13, 14). Crescerá e evitará o errado com as suas consequências.
Eu, na verdade, vejo que o problema hoje em dia não é a falta de ajuda divina, mas a falta de desejo humano. Deus quer dar ao homem discernimento, mas pouquíssimos homens querem recebê-lo. A maioria de pessoas simplesmente não quer negar os desejos dos seus corações, e acabam tomando decisões precipitadas, (que parecem boas na hora, mas depois trazem vergonha, dor e, as vezes, morte).
Salomão escreveu: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (Pv 9:10a). As pessoas, então, que não querem mudar, por falta do temor do SENHOR, não terão nem o princípio nem o fim da sabedoria. Não crescerão. Não amadurecerão. Não terão os sentidos exercitados ao discernir tanto o bem com o mal.
Eu tenho cinco filhos. Amo meus filhos. Há muitas coisas que quero para os meus filhos, mas principal entre estas coisas é o discernimento. Eu oro que o tenham. Eu tento lhes ensinar o discernimento. Nós conversamos sobre uma variedade de assuntos. Eu quero saber que meus filhos têm como detectar o certo e o errado. E, eu oro que eles queiram fazer o certo.
E, por quê?
Porque este mundo está cheio de engano. Todo passo tem a chance de ser errado. Leva muito tempo subir uma montanha, mas por um só deslize pode vir uma caída fatal.
Oh que Deus nos ajude a almejar e buscar o discernimento!